O Brasil é responsável hoje por 3% da produção mundial de níquel e em 11 anos deve atingir 11% do mercado mundial
O mercado de níquel ainda pode gerar dois ou três
ciclos de projetos para o setor no Brasil, mesmo com a queda do
preço do metal. De acordo com estudos geológicos
publicados pelo Mining Journal, o País tem potencial para
cerca de 17 milhões de toneladas de níquel contido nos
recursos minerais, volume comparável aos de países como
Rússia e Austrália. Essa é a aposta da Anglo
American, que terá um aumento de 36 mil toneladas anuais a
partir de 2010, com a implementação do Projeto Barro Alto
que ocorreu este ano.
“Hoje, a participação da Anglo American no
Brasil é de 25% da produção de níquel. Com o
crescimento da produção do minério no País,
daqui a cinco anos, nossa expectativa é aumentar para 30% de
participação de mercado, sendo que a previsão é
atingirmos a liderança brasileira com 45% até
2018”, afirma Paulo Castellari, diretor Comercial e de
Desenvolvimento de Negócios da Anglo American Brasil.
Mercado de Níquel
Cerca de 65% a 70% da produção de níquel é
hoje empregada para a fabricação de aço
inoxidável, sendo o restante utilizado para a
confecção de baterias, catalisadores e outras ligas.
Existem diversas formulações para o aço
inoxidável (todas com alguma combinação de Ferro,
Níquel, Cromo, Molibidênio e outras ligas), que podem ser
organizadas em dois grandes grupos: os aços inoxidáveis
Austeníticos (Série 3), com cerca de 8% de níquel
contido, e os aços inoxidáveis Ferríticos
(Série 2), com aproximadamente de 1% a 3% de níquel
contido.
De acordo com Paulo Castellari, o mercado de níquel sofreu
muitas alterações nos últimos quatro anos, sendo
que, a partir de 2000, se tornou mais evidente o aumento de
investimentos na produção de commodities incluindo o
próprio níquel. Nos últimos três anos, este
mercado teve um déficit de 30 a 40 mil toneladas e o valor do
níquel subiu até atingir o valor de US$ 50 mil/tonelada.
“É o maior valor histórico – em termos
nominais e do preço do níquel nos últimos 50 anos.
Há cerca de dois meses, o valor da tonelada do níquel
baixou para uma faixa de US$ 25 mil e, mais recentemente, chegou a
cerca de US$ 30 mil. Mesmo assim, este é um valor em que
é possível operar e desenvolver novos projetos”,
explica o diretor.
O níquel, que sempre teve uma grande participação
nos custos do aço inox - historicamente de 27% a 30% dos
custos totais diretos - passou a ter um peso ainda maior com o
aumento do preço da commodity nos mercados internacionais, o
que levou muitos produtores a buscarem formulações de
aço inox que levassem menos níquel. “Nosso grande
desafio é a intensidade do uso, ou seja, o quanto de
níquel vem sendo utilizado em aço inox, que vem
caindo”, afirma Castellari. “Existem
aplicações que exigem certas formulações, que
contêm maiores teores de níquel, e esta fatia de mercado,
que pode chegar em cerca de 50%, não pode ser facilmente
substituída por outras matérias-primas”,
completa.
Mesmo com o movimento de ajuste de preços, o setor é
bastante atrativo – daí os novos investimentos neste
mercado. “Deve-se sempre avaliar as forças
‘físicas’ – oferta e demanda – e as
forças ‘financeiras’ – o mercado de
commodities ganhou atenção nos últimos anos e,
conseqüentemente, interesse por investidores ao redor do
mundo. Olhando as forcas ‘físicas’, o mercado
ainda é muito promissor. Muitos peritos do segmento ainda
acreditam em um ‘super ciclo’”, afirma
Castellari.
Futuro do Mercado Mundial de Níquel
O crescimento do mercado mundial de níquel é de 4% a
6% e deve-se entender as formulações que serão
consumidas e enxergar mercado com muito potencial. De acordo com a
Anglo American, ainda existe bastante espaço para crescimento
de demanda, uma vez que o consumo per capita de níquel por ano
em países desenvolvidos ainda é muito superior
àquele observado nas economias emergentes. “Na Europa, o
consumo de aço inox per capita por ano é de cerca de
13-15 kg; no Brasil, é de 1,5 kg; na China, atinge 4,5 kg a 5
kg e na Índia, também é de 1,5 kg. Tudo nos leva a
crer que países como China e Índia cheguem à marca
de 10-12 kg per capita por ano, em médio prazo”,
completa Castellari.
“A Anglo American vem desenvolvendo uma carteira de ativos
de níquel há mais de dez anos. Hoje, a empresa está
bem posicionada com ativos de classe mundial (alto volume e baixo
custo de operação), que levarão o grupo a uma
posição privilegiada no mercado”, afirma Paulo
Castellari. “As tecnologias de produção – que
para o níquel podem significar grandes barreiras de
crescimento – a serem utilizadas nos projetos da Anglo
American são conhecidas e testadas. Isso coloca a empresa numa
posição estratégica forte”, completa.
Os maiores produtores mundiais de níquel hoje e em
2018
|
Rússia |
Austrália |
Canadá |
Brasil |
2007 – participação no mercado
mundial |
17% |
19% |
18% |
3% |
2018 – participação no mercado
mundial |
12% |
14% |
9% |
11% |