Durante o verão, o capim seca e o pasto transforma-se em local propício para queimadas.. Em alguns casos, basta um a dois dias sem chuva para que o pasto pegue fogo, o que pode ocorrer a partir de um fósforo aceso, ou ainda a partir da queimada em área vizinha. Seguindo sua política mundial de Desenvolvimento Sustentável, a Anglo American não pratica queimada como técnica de aceiro em suas propriedades há mais de 15 anos.
“Certamente isto tem contribuído para uma
mudança de postura de nossos vizinhos, pois é com o
exemplo que se propagam as boas práticas de respeito ao meio
ambiente”, comenta Neri Celso, supervisor de Reflorestamento
da Anglo American – Unidade Catalão/Ouvidor.
As capoeiras (matos ou matagal) que fazem limite com os pastos
são menos suscetíveis ao fogo, pois no solo da
capoeira há menos material comburente. Além disso,
esse material está menos exposto ao sol. Desta forma,
são necessários no mínimo uma a duas semanas
sem chuva para que sejam criadas condições
favoráveis a incêndios. Entretanto, no final do
verão, é comum observar grandes extensões de
capoeira atingidas pelo fogo que teve início no pasto. A
alta temperatura dos incêndios seca mais rapidamente as
áreas limites entre esses dois ambientes.
De acordo com o Tenente Warley Martins de Souza, subcomandante
do Corpo de Bombeiros no 5º. SGB em Catalão, a
região (Catalão, Ouvidor e vizinhanças,
além de locais com vegetação típica de
cerrado em Goiás) é acometida pelos focos de
queimadas entre os meses de maio até início de
novembro com o pico nos meses de agosto e setembro. “A
umidade mais baixa e os fortes ventos do mês de agosto
favorecem a propagação do fogo”, comenta o
Tenente.
Dados fornecidos pelo subcomandante demonstram que em
relação ao período de abril/maio em 2007,
comparados ao mesmo espaço neste ano de 2008, tivemos 38
focos de incêndios combatidos via bombeiros contra 09 neste
ano. “Mas, sempre há mais focos em que os bombeiros
não são chamados”, salienta Warley, admitindo a
melhora dos números em relação ao ano passado.
“Ainda são dados parciais, mais sempre
significativos”, finalizou.
Neri Celso destaca as práticas responsáveis
adotadas pelas empresas do Grupo em relação ao
combate às queimadas, como a construção e
manutenção de aceiros (áreas preparadas com
trator que ara e limpa determinada faixa de terra e assim evita a
propagação do fogo para dentro das propriedades,
agindo como quebra-fogo). “Nas propriedades rurais
particulares não existem muitos critérios definidos
para a construção destes aceiros e estradas.
Já para as propriedades com vocação florestal,
os aceiros externos que têm geralmente 20 m de largura e os
internos 10 metros”, explica o supervisor.
• Sistema de quebra-fogo
Podem-se estabelecer dois tipos de quebra-fogo para a
proteção da floresta: o quebra-fogo natural e o
aceiro. A implantação de quebra-fogos representa um
investimento pequeno comparado aos prejuízos que o fogo
causa. O custo resume-se ao valor de manter uma faixa de floresta,
no caso do quebra-fogo natural, e em algumas horas de uso do trator
no caso do aceiro. Para implantar um quebra-fogo natural, deve-se
manter intacta uma faixa de floresta virgem entre as aberturas
(pastos e roças) e a floresta explorada. A faixa de mata
virgem deve ter no mínimo 100 metros de largura.
Caso o fogo ameace invadir a floresta, pode-se retirar o
material comburente do solo (folhas secas, galhos pequenos), usando
vassouras de cipós para limpar uma faixa de cerca de 1 metro
de largura. Essa limpeza dificulta a propagação do
fogo.
Quando não há uma faixa de mata virgem ao redor da
mata explorada, pode-se construir um aceiro, ou seja uma faixa sem
qualquer vegetação (3 a 5 metros de largura)
margeando a área explorada. Deve-se manter sempre limpo o
aceiro para que sirva como uma proteção permanente.
No caso de capoeiras, eliminar as árvores com altura maior
que a largura do aceiro, situadas no limite entre os dois
ambientes, para que estas não sirvam como condutor de fogo
no caso de incêndios.
No Brasil, assim como na América do Sul, a quase
totalidade das queimadas é causada pelo homem, por
razões muito variadas: limpeza de pastos, preparo de
plantios, desmatamentos, colheita manual de
cana-de-açúcar, vandalismo, balões, disputas
fundiárias, protestos sociais, e etc. No contexto local, as
queimadas destroem a fauna e flora, empobrecem o solo, reduzem a
penetração de água no subsolo, e em muitos
casos causam mortes, acidentes e perda de propriedades. No
âmbito regional, causam poluição
atmosférica com prejuízos à saúde de
milhões de pessoas e à aviação e
transportes; elas também alteram, ou mesmo destroem
ecossistemas. E do ponto de vista global, as queimadas são
associadas com modificações da
composição química da atmosfera, e mesmo do
clima do planeta; neste último contexto, as maiores
contribuições do Brasil provêem das
queimadas.
Nos últimos anos, 2004 foi o que apresentou maior
número de queimadas, observando-se redução
progressiva em 2005 e 2006, este último marcado pela
redução do número de detecções
feitas com satélites, principalmente devido à
diminuição do desmatamento na Amazônia.