CARREIRAS NA MINERAÇÃO: ECONOMISTA
Siham Hassan, diretora de TI para a América Latina, e madrinha (sponsor) do Grupo de Afinidade de Raça e Etnia da Anglo American, é descendente de árabes, nasceu na França e está no Brasil desde o início da década de 1980. Economista de formação, com experiência em finanças e supply chain, consultoria e gerência de projetos, começou a trabalhar na Anglo American, em 2008, como gerente de Tecnologia da Informação.
Siham já conhecia a empresa, que considerava “uma multinacional com ótima reputação, que estava num momento de expansão no Brasil com o projeto Minas-Rio”, e isso foi uma motivação a mais para que ela encarasse o desafio dessa mudança de carreira. Na época, a CEO global já era uma mulher o que chamou sua atenção.
“Achei que era uma ótima oportunidade já que a tecnologia permeia todas as áreas. Montei um time mais técnico, já que eu não tinha essa formação. Eu contratei uma mulher para implementar e gerenciar sistemas e um homem para a parte de infraestrutura. Podemos perceber a inclusão e a diversidade desde aquele tempo, pela oportunidade oferecida a mim numa mineradora, indústria com predominância masculina e em tecnologia, também uma área tradicionalmente com mais homens que mulheres”, destaca Siham.
Dois anos depois, durante uma reestruturação na Anglo American, concorreu e conquistou a vaga de diretora (que ocupa até hoje). Os resultados obtidos como gerente na empresa, a diversidade cultural e o fato de falar cinco idiomas (português, inglês, espanhol, francês e árabe) certamente contribuíram para essa conquista, além da habilidade de liderança, gestão de pessoas e de cronogramas. “Estou como diretora desde 2010 e encarei esse novo desafio, na época ter mulheres em cargo de diretoria não era comum como hoje em dia, as pessoas não tinham essa consciência em diversidade e inclusão. Concorri à vaga com outros homens e tive também que trabalhar a aceitação dos times de outros países, onde a mulher tem ainda menos espaço. Fui a primeira mulher na diretoria da região”, relembra. E complementa, “nessa jornada nem tudo foi um mar de rosas... Na minha carreira como gestora de projetos e em tecnologia já fui muito questionada por homens e, inclusive, por outras mulheres sobre minhas competências. Superei acreditando em mim e buscando apoio em minha família, amigos e líderes que me apoiavam e que eu admirava”.
“Hoje eu cuido de América Latina, então eu tenho uma rotina para que o básico esteja funcionando; de estar atenta à inovação e novas tecnologias, às dores da área de negócios; então eu converso sempre com os diretores das outras áreas e, meu time, com as demais equipes, para avaliar oportunidades de redução de custos, de otimização de processos, de automação de rotinas para melhorar a vida das pessoas – sejam os empregados próprios, terceiros ou comunidade”, detalha Siham.
Entre os desafios enfrentados, Siham fala sobre os êxitos com os cursos de tecnologia para as comunidades, os treinamentos sobre segurança da informação e do uso da tecnologia como ferramenta para ajudar na educação e no social. “No auge da pandemia, nós mostramos que estávamos preparados na questão do olhar para o futuro, algumas outras empresas sofreram muito mais do que nós para colocar as pessoas para trabalharem de casa. Trouxemos ainda, como inovação, os relógios que controlavam o distanciamento social e permitiram o controle da COVID-19. E hoje, o desafio vem em termos de como trabalhar nesse mundo híbrido sem desconectar das pessoas, sem desconectar da cultura da empresa e garantir que a tecnologia esteja mesmo melhorando a vida de todos”.
“Eu acho fantástico termos a inovação como valor e pensar em nosso impacto para as comunidades e demais stakeholders. Até porque, nosso produto é essencial para o mundo. Você não tem carro, celular, prédios, se não tiver mineração”. Ela ainda destaca o clima organizacional saudável, “porque a vida profissional, está intimamente ligada à vida pessoal. Passamos muitas horas com os colegas de trabalho, e ter um ambiente saudável é saúde mental, é felicidade. Além disso a empresa busca a diversidade e a inclusão em todos os aspectos e não é só um discurso, eu vejo isso na prática, então isso me inspira muito”.
Siham é uma referência na Anglo American, sobretudo para as mulheres, e conta que se sente à vontade com isso. “A minha responsabilidade, como mulher na liderança, é mostrar para outras mulheres que é possível e já aviso para que contem comigo para conversar, seja pelos programas formais da empresa, ou seja informalmente, eu sou uma pessoa muito acessível”, enfatiza a diretora.
Sem filhos, Siham participa da criação da enteada, é tutora de três gatos e seis pássaros e não esconde o apreço por uma confraternização com amigos, “adoro pessoas, adoro me conectar, adoro fazer isso ao redor de uma mesa com comida e vinho”, conclui.